O Cadastro Unificado de Dados das Pessoas com Deficiência do Estado do Espírito Santo (Cadef), lançado durante a Conferência e Exposição Estadual de Inclusão e Acessibilidade (Reconecta), reuniu mais de 220 inscrições durante o evento, realizado entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, no Boulevard Shopping, em Vila Velha. Neste primeiro momento, foram coletadas informações, como nome, endereço, contato, escolaridade, deficiência, visando à implementação de banco de dados único, que possibilite a identificação de pessoas com deficiência no estado.

A iniciativa é pioneira e atende à Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), a qual estabelece a necessidade de instituir um Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão). O projeto facilitará o planejamento e a implementação de políticas públicas, notadamente, nas áreas do trabalho, da educação, da saúde, do lazer, do esporte e da cultura.

O cadeirante Josemar Soares de Souza aproveitou a visita ao Reconecta para se cadastrar no Cadef. Ele, que já integrou o mercado de trabalho, está atualmente desempregado. “A ressocialização da pessoa com deficiência é importante com a rotina do trabalho. Quando a pessoa com deficiência é bem treinada e capacitada ela tende a crescer dentro do mercado de trabalho”, afirmou.

A moradora de Cariacica, Kellezy Barbosa Pereira, foi ao evento acompanhada da mãe, Dorkas Barbosa. Estudante de Psicologia, Kellezy é cega e faz estágio no Asilo de Vitória. Segundo ela, ao fazer a inscrição no Cadef, aumenta a expectativa de facilitar a sua inclusão no mercado de trabalho. Já o morador da Serra, Wekislei de Azevedo Silva, que também é cadeirante, fez o cadastro no Cadef com a expectativa de ter novas possibilidades profissionais. Atualmente, ele trabalha como auxiliar de apoio em um hospital.

Segundo o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES), Valério Soares Heringer, existem diversas empresas no estado com vagas abertas para pessoas com deficiência e que firmaram Termos de Ajustamento de Conduta com o órgão. “Essas empresas serão convidadas a utilizarem o Cadef para ofertarem as vagas que possuem. Hoje, somente pela cota, já teríamos vagas suficientes para as pessoas com deficiência com potencial de empregabilidade no estado. O que precisamos é facilitar e tornar acessível as oportunidades de trabalho e o contato entre uma parte e outra”, enfatizou.

Além do lançamento do Cadef, o MPT-ES utilizou o Reconecta para fortalecer o processo de inclusão com apresentação do Blog do Cadef e do Calendário Inclusivo para o ano de 2019. O calendário foi elaborado com recursos de acessibilidade e traz datas importantes relacionadas às pessoas com deficiência, sendo uma iniciativa inédita no estado.

Acompanhamento do Cadef poderá ser feito pelo Blog

O Cadastro Unificado de Dados das Pessoas com Deficiência do Estado do Espírito Santo (Cadef) irá abranger os 78 municípios do estado. Por essa razão, a partir de 2019, outras ações de mobilização para o cadastramento serão realizadas. De acordo com a procuradora do MPT-ES que coordena o projeto, Sueli Teixeira Bessa, as informações sobre as próximas etapas do cadastro único devem ser acompanhadas por meio do Blog do Cadef, no endereço eletrônico www.blogdocadef.com.br.

“Recomendo que a população acompanhe os próximos passos do cadastramento pelo blog que foi criado, pois toda a etapa posterior estará ali. Estamos atuando para que este cadastro chegue aos municípios, inclusive com a possibilidade de realização de Termos de Cooperação. Nosso objetivo também é fazer articulações com órgãos que já possuem cadastros de pessoas com deficiência para trazer esses dados para o Cadef, de modo que a gente consiga concentrá-los num único banco de informações”, ressaltou.

Para o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Condef), José Carlos Siqueira Junior, o fortalecimento do Cadef é fundamental para a visibilidade individual de cada pessoa com deficiência. “Hoje nós temos um registro desse público que não é exato, por ser feito por amostragem, que é o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 78 municípios do estado, apenas 10 possuem um conselho organizado dentro da legalidade. Isso é muito pouco para fazer a inclusão da pessoa com deficiência”, justificou.