Atualmente, a Internet das Coisas apresenta uma oportunidade para a indústria, principalmente se considerarmos como a transformação digital alterou a forma com que as pessoas se comunicam e se relacionam umas com as outras e com o ambiente em que vivem. Inclusive, existem iniciativas para incentivar o desenvolvimento de tecnologias para aplicações inteligentes, como o programa “Plataforma IoT - Estrutura Aberta de Tecnologias para Internet das Coisas e suas Aplicações”, lançado em 2016 pelo Governo Federal em parceria com a Universidade Federal do Ceará para a criação de soluções para aplicações em cidades inteligentes. Mesmo assim, muitas organizações ainda estão céticas ou se esforçando para entender como se engajar e por onde começar uma estratégia de Internet das Coisas (IoT).
Mesmo com acrescente adoção de Big Data pela indústria e com sensores menores e de custo cada vez mais acessível, ainda há muito a evoluir. Segundo a pesquisa da
Accenture, “
From Productivity to Outcomes: Using the Internet of Things to drive future business strategies”, de 2015, 84% dos principais executivos de empresas, conhecidos como C-suite
, acreditam que suas companhias têm a capacidade de criar novos fluxos de renda baseados em serviços usando o IoT. No entanto, apenas 7% desenvolveram uma estratégia abrangente e direcionaram investimentos à IoT.
Simon Jacobson, analista do Gartner e autor do whitepaper "Quatro melhores práticas para gerenciar a visão estratégica para a Internet das Coisas na indústria", afirma que a visão estratégica para a Internet das coisas está ficando cada vez mais clara para o segmento industrial, estando no topo da lista de prioridades. Ele salienta que as mudanças rápidas podem criar incerteza, pois a evolução tecnológica da IoT está mais acelerada do que os acionistas da indústria podem assimilar e vincular com a maturidade baseada no desempenho. Ainda de acordo com Jacobson, a consequência pode ser a incerteza no valor e diferenciação para as compras de negócios na IoT.
Embora as empresas já tenham muitos componentes do IoT instalados, esses aplicativos são frequentemente agrupados ou fazem parte de uma Intranet, ao invés de uma Internet. Por exemplo, muitas companhias usam há anos sistemas de EAM para coletar e monitorar o status de seus equipamentos internos, e usam a telemetria para acompanhar a localização e desempenho de equipamentos pesados, incentivando, inclusive, contratos de locação por hora de uso. Além disso, a conectividade máquina a máquina é usada em máquinas de venda automática e parquímetros, onde os aparelhos enviam um sinal quando o serviço é necessário. Apesar destes casos de uso conhecidos, um novo padrão de estratégia é necessário para levar IoT para o próximo nível. Para isso, as operações e os sistemas de TI precisam se alinhar para criar uma estratégia integrada de Internet das Coisas.
Um sistema IoT não é algo que uma companhia pode comprar e ativar, e também não é uma peça de hardware ou software a ser comprado e implementado em alguns dias. É mais adequadamente descrito como uma mentalidade ou estratégia, que alavanca várias tecnologias em um plano coeso. Big Data é um componente crítico desse plano, mas o gerenciamento desses dados é um dos principais desafios. Ron Miller, do TechCrunch, escreveu no artigo, “
If You Think Big Data is Big Now, Just Wait", sobre a enorme quantidade de dados que o IoT tem o potencial de criar. "A promessa de Big Data deu início a uma era de inteligência de dados. Provenientes desde máquinas até fluxos de pensamento humano, atualmente coletamos mais informações a cada dia, tanto que 90% dos dados no mundo de hoje foram criados apenas nos últimos dois anos. De fato, todos os dias criamos 2.5 quintilhões de bytes de dados – de acordo com algumas estimativas, isso equivale a um novo Google a cada quatro dias, e a taxa só está aumentando”.
Esta quantidade pode ser paralisante. Segundo o Gartner, as indústrias são forçadas a encontrar e dominar o alinhamento, a convergência e a integração dos ambientes de TI e tecnologia operacional (OT). Isso requer novos projetos organizacionais e habilidades e responsabilidades técnicas que antes não eram necessárias.
O IoT tem um grande potencial, mas apresenta desafios que as empresas devem enfrentar à medida que desenvolvem suas estratégias de Internet das Coisas. Conectividade, armazenamento na nuvem, automação e análise de dados são fatores na equação que devem ser dominados antes que a estratégia abrangente possa ser implementada. É a conectividade - dentro e fora da planta, a aplicação de dados coletados e uma mudança na mentalidade de uma organização que irá trazer uma diferença para as companhias.
*Lisandro Sciutto é Diretor de Produtos da Infor LATAM, provedora de aplicações empresariais específicas por mercado e desenvolvidas para a nuvem