Três portos europeus e suas experiências institucionais e operacionais. Roterdã, Antuérpia e Londres estão entre os principais portos do mundo e seus modelos corporativos são estudados pela dinâmica de negócios e de gestão portuária. Essa referência levou o governo brasileiro a criar o Projeto Benchmarking de Governança dos três portos, levando uma comitiva brasileira para uma visita técnica na busca das melhores práticas de gestão e, assim, incorporar as boas experiências.
Formada por representantes dos Portos de Vitória e Santos (SP), Ministério da Infraestrutura e BNDES, a comitiva percorreu os portos entre os dias 25 e 29 de novembro. A Codesa foi representada pelo presidente Julio Castiglioni, o diretor Bruno Fardin e a coordenadora de Marketing, Raquel Guimarães.
Para Castiglioni, os estudos de benchmarking são importantes na medida que servem de fonte de inspiração técnica: "Embora os modelos conceituais possam ser importados, não é possível importar a cultura, o modo de pensar das pessoas. O desafio é criar um modelo que se comunique com a nossa realidade, que seja compatível com nosso ordenamento interno".
Holanda
A agenda de trabalho iniciou no dia 25 com o Porto de Roterdã (PoR), na Holanda. Peter Lughart, representante do porto na América Latina, conduziu a recepção junto com os técnicos Frans Keulen e Marc Aartsen. Além da apresentação do Port of Rotterdam International, empresa do porto voltada à realização de negócios com outros países, o foco da reunião foi a experiência dos holandeses com “corporatização”.
A concretização deste processo, em 2004, deu dinâmica de negócios ao processo de gestão e incrementou a competitividade do PoR. Um interessante debate acerca do modelo de governança pôde ser conduzido, e as perspetivas dos holandeses e do grupo brasileiro foram colocadas em pauta.
Bélgica
A parada seguinte foi no Porto de Antuérpia, Bélgica. Na primeira etapa, Tom Monballiu, gerente de International Relations conduziu a apresentação, junto com o consultor senior Danny Deckers. Além de aspectos comerciais, o grupo de trabalho discutiu importantes tópicos referentes ao modelo belga de gestão portuária.
Foi detalhado que, com 100% de ações pertencentes ao município de Antuérpia, o modelo mantém a autonomia de gestão para o porto, que implementa com excelência uma lógica comercial junto a seus competidores. A regulação portuária fica por conta da Autoridade Portuária, e a determinação de tarifas não sofre controle externo.
Inglaterra
Na última etapa do Programa de Benchmarking de Governança, o grupo chegou a Londres para uma série de reuniões com foco na compreensão do modelo inglês de gestão de portos. Juntaram-se à comitiva o secretário de Portos, Diogo Piloni, e o diretor do órgão, Fábio Lavor.
Os britânicos, desde a década de 80, motivados por questões relativas à gestão da mão de obra e pela crise financeira no país, iniciaram um processo de privatização na área portuária, que se tornou um modelo peculiar entre os portos no mundo.
O programa foi iniciado com a reunião na Associated British Ports (ABP), administradora privada de 21 portos britânicos. Uma visão geral do modelo foi apresentada pela empresa, e a perspectiva do gestor de portos privado pôde ser debatida com profundidade pela delegação.