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Publicado: 24/05/2023 11:09h

Artigo: Desafios da infraestrutura portuária brasileira e o descomissionamento de plataformas de petróleo

Artigo: Desafios da infraestrutura portuária brasileira e o descomissionamento de plataformas de petróleo

Por Felipe Felicio Tabosa Delfino

O aquecimento da indústria naval e os recentes projetos de descomissionamento ao redor do mundo, mostram uma postura assertiva da Petrobras com a adoção de políticas de reciclagem verde voltadas para embarcações em fase final do seu ciclo de produção. Tais desafios estão alinhados com a sua política de sustentabilidade e de práticas ASG (Ambiental, Social e Governança). A Petrobras prevê um aporte de US$ 9,8 bilhões em atividades de descomissionamento entre 2023-2027, com a previsão de 26 unidades a serem descomissionadas neste período, o que tornará a gigante do petróleo uma referência global nessa atividade.

Mais do que uma simples remoção ou demolição de estruturas, o descomissionamento de plataformas requer engenharia, preparação, remoção e destinação, com o tratamento adequado de resíduos e a prevenção de impactos à biodiversidade local. O mercado brasileiro já tem respondido com a chegada de embarcações especiais, principalmente no que diz respeito ao descomissionamento de sistemas submarinos complexos. Todavia, ainda não há no Brasil, instalações portuárias, estaleiros ou bases logísticas exclusivas para o recebimento e destinação de plataformas. Estados Unidos e Europa contam com fornecedores especializados e infraestrutura completa para o desmonte e destinação de plataformas.

O NCEI (National Centers for Environmental Information), órgão oficial do governo americano, subordinado ao NOAA, estima que apenas na região do golfo do México, existem aproximadamente 3.200 estruturas offshore, tornando os Estados Unidos os precursores nas atividades de descomissionamento.

A Shell Brasil anunciou no último dia 8 de maio, um acordo com a gigante americana M.A.R.S. (Modern American Recycling Services), para descomissionar a FPSO Fluminense na Europa. A base de descomissionamento da M.A.R.S. em Frederikshavn, na Dinamarca, possui 280.000m2 de área disponível, 1.000m de cais acostável em águas abrigadas livres de congelamento, com calado de até 14 metros e acesso ao Mar do Norte. A base da M.A.R.S. Europe conta ainda com sistemas exclusivos
de tratamento de água e drenagem do solo em toda a extensão de sua base, evitando assim riscos de contaminação em seus processos. A empresa adquiriu recentemente o navio do tipo DP3, DSCV “Captain America” que será empregado em atividades de descomissionamentos submarinos, instalações, intervenções, lançamentos e recuperação de linhas flexíveis e umbilicais. O navio conta ainda com um guindaste de 1.000/t de capacidade e será operado por outra empresa do conglomerado, Shore Offshore Services. A Shore Offshore Services possui uma frota de balsas guindastes e embarcações de apoio que atuam nos mais variados projetos de descomissionamento nos Estados Unidos e no mundo, tendo inclusive integrado o Consórcio Piauí Alabama, vencedor da licitação da Petrobras para descomissionamento das plataformas PCA 1, 2 e 3 no Campo de Cação, no norte do ES.

Além dos desafios logísticos, o descomissionamento abrange também a questão ambiental, que necessita de debates e aprimoramentos devido ao ambiente regulatório que está em constante evolução. Há muitas discussões acerca da metodologia apropriada, seja ela para a retirada total de plataformas e equipamentos submarinos do leito marinho ou até mesmo o abandono in situ, o que significa resumidamente converter estruturas submarinas em recifes artificiais (Rig-to-Reef) para a preservação do ecossistema marinho. Ainda não há consenso sobre o critério mais adequado, seja no Brasil ou no mundo. No estado da Califórnia existem 25 plataformas de grande porte aguardando descomissionamento. A complexibilidade da regulamentação ambiental, aliado aos gargalos logísticos do estado americano, nos mostram a complexibilidade do tema também em países que já possuem histórico neste tipo de trabalho.

O mercado brasileiro necessitará de investimentos robustos em infraestrutura para a construção ou adequação de estaleiros com o propósito de receber, processar e destinar plataformas e estruturas submarinas oriundas de descomissionamento. O intercâmbio e a troca de tecnologia com empresas estrangeiras nos mostram um caminho perfeitamente possível para o aprimoramento e adequação da nossa infraestrutura portuária.

Sobre Felipe Felicio Tabosa Delfino: Profissional da área da navegação, com mais de 15 anos de experiência em Shipping e operações voltadas ao setor de Petróleo e Gás, tendo contribuído ativamente nos mais importantes projetos do segmento, dentre eles, o mais recente Descomissionamento de plataformas fixas (jaquetas), no campo de Cação (PCA 1, 2 e 3), localizado no norte do Espírito Santo. O projeto contou com a participação de grandes players da indústria nacional e americana, que atuaram através de um consórcio composto por Triunfo Logística, Shore Offshore, Sea Partners e Método Engenharia. O empresário participou recentemente da última edição da OTC-2023, Conferência de Tecnologia Offshore, realizada em Houston - Texas. Felipe Tabosa é um dos fundadores e atual diretor da Lotus Maritime, empresa especializada no segmento do agenciamento marítimo e operação portuária.


Fonte: Assessoria de Imprensa da Lotus Agência Marítima e Operadora Portuária
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