*Por Bruno Zabeu
Um dos principais desafios enfrentados pelo setor industrial nos dias de hoje está diretamente relacionado ao bem-estar dos colaboradores e a qualidade de vida. Isso porque cada vez mais temos visto casos de pessoas que sofreram algum tipo de acidente de trabalho ou que tenham tido problemas de saúde em decorrência de alguma atividade.
Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria Especial do Trabalho e o relatório Radar SIT do Ministério do Trabalho e Previdência, a cada 49 segundos um trabalhador se machuca no Brasil. O estudo ainda apontou 571,8 mil acidentes de trabalho em 2021, o que representa uma média de 1.566 por dia e crescimento de 28% em comparação com 2020.
Já a nível global, o País está em quarto lugar, ficando atrás da China, Índia e Indonésia. O estudo traz também um ranking com os estados que tiveram o maior número de casos de acidente de trabalho. Dentre eles destacam-se São Paulo (35% dos casos); Minas Gerais (11%); Rio Grande do Sul (8%); Santa Catarina (7%) e Rio de Janeiro (6%).
Esses dados mostram uma situação delicada que necessita de uma atenção especial dos líderes, principalmente para as funções que expõem os funcionários a algum tipo de risco, como ergonômico, por exemplo. No caso do setor industrial, esse cenário é ainda mais complicado, pois envolve maquinários pesados e atividades recorrentes.
Como exemplo, há o caso da paletização, que é um tipo de tarefa repetitiva, monótona e exaustiva para os trabalhadores. Ficar pegando e empilhado caixas pode trazer sérios problemas de saúde. Se uma linha entrega três caixas por minuto e estas pesam seis quilos cada uma, a pessoa manipula mais de uma tonelada por hora. Assim, este tipo de atividade não pode ser desempenhada por funcionários mais velhos ou por aqueles que não tenham tanta força. Para resolver esse problema a indústria está tendo que se adaptar, criando mecanismos para substituir o trabalho manual por tecnologias.
Um dos métodos é a paletização industrial com robótica colaborativa (cobots), que retira colabores de funções que nunca nem deveriam ter sido feitas por eles e permite que migrem para cargos em que vão se sentir mais valorizados. É o conceito de upskilling, em que é ensinado para o trabalhador novas competências para que tenha uma atuação melhor. O operador que aprende a usar os cobots, adquire novos conhecimentos e se torna um profissional mais valioso para o sistema de produção.
É importante ressaltar que além de contribuírem com a saúde das pessoas e permitirem que não sejam subutilizadas, os robôs colaborativos também não excluem ninguém dos diferentes processos industriais. Dentro da manufatura, existem trabalhos que são realizados apenas por homens mais jovens devido ao estresse físico e quando se tem estas inovações, qualquer um pode facilmente aprender a programá-las. É preciso que a manufatura sempre tenha postos de trabalho que possam ser feitos por pessoas de qualquer idade e sexo.
Além de todo o lado social, os cobots podem desempenhar diferentes funções dentro de uma indústria, permitindo que entregas sejam embaladas dentro do padrão de qualidade, peças sejam feitas de forma mais padronizada e rápida, entre outros. Possibilitam também que haja aumento da produtividade, já que podem operar sem interrupções todos os dias e horários da semana, sem contar o fato de que ocupam um menor espaço nas fábricas, sendo leves, intuitivos, flexíveis, e fáceis de serem implementados.
A partir desses benefícios, podemos perceber que os robôs colaborativos são fundamentais para manter o bem-estar, saúde e engajamento dos funcionários, além de toda produtividade na qual resultam. Portanto, é importante que os colaboradores de uma forma geral enxerguem a tecnologia como uma aliada e não adversária, pois esta traz resultados significativos. Por isso, gestores e profissionais, este é o momento de abraçar os cobots que têm tantos benefícios a oferecer!
*Bruno Zabeu é Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos.