Coleta de sementes nativas, apoiada pela Vale, é realizada por famílias locais integrantes da Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás
O dia amanhece na maior floresta tropical do mundo, e já está tudo pronto para que famílias da região amazônica, que integram a Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás (Coex), iniciativa apoiada pela Vale no Pará, “vasculhem” a mata em busca de sementes de árvores nativas da região. Ao todo, nos últimos três anos, foram coletadas cerca de 17 toneladas de sementes, o que gerou mais de R$ 2,8 milhões em renda às famílias. Entre as espécies estão a castanha-do-Pará, jaborandi, flor de Carajás, açaí, ipê amarelo e tantas outras espécies em uma diversidade de formas, cores e tamanhos presentes na Amazônia.
Representando dois terços das florestas naturais do Brasil, respeitar e conversar a Amazônia é essencial para equilíbrio climático em todo o continente. “O meu sentimento é de restauração da vida, de poder contribuir com dias melhores para a humanidade”, ressalta Ana Paula Nascimento, presidente da Coex sobre a emoção do trabalho com a coleta de sementes nativas.
Toda a variedade coletada na Floresta Nacional de Carajás é adquirida pela Vale e empregada em ações de recuperação de áreas mineradas ou de compensação ambiental realizadas pela empresa, o que tem contribuído efetivamente para a conservação da Amazônia no sudeste do Pará. “O convênio com a Vale para coleta de sementes veio trazer essa diversificação e autonomia financeira para a cooperativa e também inserir e dar novas oportunidades para os cooperados. É uma atividade muito promissora que tem um mercado mais aberto em comparação a coleta da folha do jaborandi e que vem fomentar a renda dos cooperados. Sem falar na questão ambiental, em estar contribuindo para o reflorestamento e manter a floresta em pé”, comemora.
Recuperação planejada
Após coletadas, as sementes são “misturadas” e formam um mix, mistura de várias espécies, que plantado possibilita a recuperação do verde em área antes utilizadas pela mineração. São dessas sementes que as mudas utilizadas nas áreas de compensação ambiental são produzidas. O plantio é planejado com base em espécies que possam atrair animais polinizadores e dispersores de sementes, fazendo com que a floresta predomine novamente.
Para Paulo Rogerio Oliveira, gerente de Meio Ambiente da Vale no Pará, a semente é a essência do ciclo da vida. “O plantio contribui para a manutenção das espécies de plantas típicas da região, o retorno dos animais do início ao topo da cadeia alimentar e, assim, a conservação de espécies. Além de contribuir para a melhoria da qualidade da água, do ar, para o equilíbrio do ecossistema e prevenção à degradação do solo e combater o aquecimento global, enfim um ciclo da vida, que beneficia a todos nós”, destaca.
Há quase 40 anos, a Vale está presente na Amazônia, onde ajuda a proteger uma área de 800 mil hectares, conhecida como Mosaico de Carajás no Pará, equivalente a cinco vezes a área da cidade de São Paulo, a atividade minerária ocupa menos de 2% deste total. Em 2019, a empresa se comprometeu a proteger e recuperar mais 500 mil hectares de florestas no Brasil até 2030.
Saber natural com conhecimento científico
Os cooperados também tem ampliado o conhecimento sobre a diversidade da Amazônia com capacitação para a identificação e mapeamento de plantas chamadas matrizes, de onde é coletada a semente. No processo de resgate de germoplasma (coleta de sementes) também é acompanhado o ciclo de floração, frutificação e de dispersão de sementes, o que contribui para garantir a variedade e a sua qualidade.
A Coex possui autorização do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) para execução da atividade de coleta de sementes na Florestal Nacional de Carajás. A Cooperativa também executa a atividade de coletas de folha do jaborandi. Desta espécie é extraída substância denominada pilocarpina, vendida para empresas farmacêuticas com foco na produção de colírio usado no combate ao glaucoma.